Genética dos transtornos afetivos.
Quando se trata de doenças afetivas caracterizamos alterações patológicas no humor que varia de uma extrema euforia até uma grave depressão. Tais síndromes são associadas as altas taxas de suicídios causados pela depressão. Pacientes que apresentam transtornos primários no no caso de só apresentarem depressão como alteração do humor são chamados de unipolares, e bipolares se acusam episódios de mania com ou sem depressão, ou ainda episódios de depressão com hipomania. Estudos feitos com famílias mostraram nos resultados que parentes de primeiro grau de indivíduos não afetados representativos da população geral é de quase 1% para doença bipolar e cerca de 5% para depressão unipolar. Quando comparamos este risco com o dos parentes em primeiro grau de pacientes com depressão, observamos que, para doença depressiva unipolar, o risco está aumentado aproximadamente três vezes, enquanto o risco de transtorno bipolar nesses familiares é quase o mesmo da população geral. Finalmente, quando comparamos o grupo de familiares de indivíduos da população geral com o grupo de parentes em primeiro grau de portadores de transtorno bipolar, verificamos que o risco para a depressão unipolar está aumentado três vezes, enquanto o risco para doença bipolar nesses parentes está aumentado cerca de sete vezes.Ja em estudos feitos com gêmeos podemos inferir, que a taxa de concordância para problemas do humos em gêmeos monozigóticos é duas a três vezzes maior do qque nos dizigóticos, reforçando a hipótese de um componente genético nessas enfermidades. Nos estudos feitos com adotados, encontrou poucas evidências de um componente genético em pais biológicos de 56 doentes afetivos adotados, foi investigada uma amostra dinamarquesa de 71 adotados afetados por transtornos de humor e relataram uma prevalência oito vezes maior de casos de depressão unipolar e quinze vezes maior de casos de suicídio nos pais biológicos desses indivíduos, comparados aos seus pais adotivos. No que se refere ao uso de estudos de ligação nas doenças afetivas, o transtorno afetivo bipolar tem sido o mais freqüentemente estudado, provavelmente pela maior herdabilidade deste transtorno. A história dos estudos de ligação na doença bipolar, assemelha-se muito ao curso da doença, com a euforia dos achados positivos, sendo logo seguida pela depressão da incapacidade de replicação dos mesmos. Vários genes candidatos têm sido investigados para associação tanto no distúrbio bipolar quanto na depressão unipolar. Com base na hipótese de disfunção dos sistemas monoaminérgicos cerebrais na doença bipolar, o primeiro gene candidato investigado foi a tirosina hidroxilase, uma enzima que limita o ritmo de síntese das monoaminas. Em relação à depressão unipolar, apenas nos últimos anos têm surgido estudos moleculares, e estes têm focado principalmente os genes relacionados ao sistema serotoninérgico.Conclui-se um consistente conjunto de evidências indica a existência de fatores genéticos na suscetibilidade para as doenças afetivas. Os dados disponíveis no momento não identificam de modo inequívoco nenhum gene de vulnerabilidade, mas a velocidade com que surgem novas tecnologias e abordagens na área de genética molecular apontam que, provavelmente nos próximos anos, alguns dos genes relacionados à vulnerabilidade para a depressão e para o transtorno afetivo bipolar serão identificados. Muito provavelmente, essa identificação também propiciará uma revolução na prática clínica com os benefícios advindos da elucidação das vias bioquímicas relacionadas à patogênese dessas doenças afetivas.
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