terça-feira, 31 de maio de 2011

3- FICHAMENTO DE GENÉTICA

Ética, Genética e Pediatria.


Em primeiro lugar, é necessário que delimitar o que, neste contexto, entende-se por ética. Na verdade, são inúmeras as possibilidades de compreensão deste conceito. No mundo contemporâneo, como toda e qualquer palavra, esta também sofre modificações ao longo do tempo, incorpora novos sentidos, se aperfeiçoa e diversifica. A resposta é, igualmente, múltipla; dentre esta multiplicidade de sentidos possíveis e viáveis, é necessário que destaquemos, porém, aquele que nos permite uma melhor aproximação ao tema a que nos propomos aqui, ou seja, a articulação íntima entre a ética e o cuidado da vida humana. Este nos parece ser o seguinte: "ética é a construção do sentido da vida humana desde o encontro com o Outro.  Assim, o que o Outro representa originalmente frente a mim é um problema não apenas teórico, mas um acontecimento concreto, que desestabiliza as certezas da minha inteligência. Eu não posso, de forma nenhuma, determinar aquilo que o Outro é enquanto tal, dizer o que ele é realmente: posso apenas dizer o que eu consigo captar dele, dele perceber e classificar. A rigor, a única coisa que posso ousar dizer a respeito deste Outro é determinado justamente por ele: que ele é de outro modo — outramente — que eu, ou seja, que entre nós uma verdadeira e irredutível diferença tem lugar.   A ética exige, por assim dizer, uma outra lógica que a lógica da inteligência, e com isso se quer indicar que o ético — expresso no encontro real — exige uma outra racionalidade, diferente daquela que eu uso normalmente para lidar com as coisas e os conceitos — a saber, uma racionalidade ética, ou, em termos mais simples, uma racionalidade do encontro com o outro.  A forma de como o mundo é originalmente concebido determina, de certo modo, a racionalidade deste mundo, a forma de compreendê-lo posteriormente. Se o mundo não é primordialmente concebido e pensando desde princípios lógicos abstratos ou desde a articulação pura e simples de interesses de poder, e sim desde encontros humanos reais em sua infinita variedade, isso significa que é possível a concepção de uma outra racionalidade em meio ás ja existentes, a racionalidade ética.Ela  é o encontro real com o Outro, neste sentido, não uma disciplina teórica ou um código qualquer, mas o próprio fundamento de sentido da vida humana ao longo do tempo no qual esta dura: o fundamento do cuidado. Mãe de todas as filosofias, ela permite que eu saia "de mim mesmo" e encontre o que está além de mim, oportunizando o desabrochar da racionalidade que compreende o mundo desde o sentido do encontro. A ética não é algo secundário ou um enfeite da vida, mas o conteúdo mais profundo da própria vida que, no processo de se encontrar com o que a constitui, lhe dá sentido. E a forma concreta que a ética pode assumir no cotidiano da existência é tão simples em sua formulação geral como complexa em termos de sua efetuação diuturna: o cuidado. Pois cuidar é construir, na preservação cuidadosa da alteridade do outro, a razão de perduração da própria, em qualquer sentido deste termo ,vida.

Nenhum comentário:

Postar um comentário