O IMPACTO DA GENÉTICA NA ASMA INFANTIL
A asma é de natureza hereditária, mas a hereditariedade da doença não segue os padrões mendelianos clássicos. Diversos estudos de famílias evidenciam um forte padrão de agregação familiar no caso da asma, mas a genética da doença é especialmente complicada por sua natureza poligênica e pela interação entre fatores genéticos e ambientais. A melhor compreensão dos mecanismos genéticos da asma e da alergia fortalecerá nosso conhecimento de sua patofisiologia e representará um avanço importante para os esforços futuros de prevenção e tratamento da doença.
Alguns aspectos deste campo de pesquisa básica podem influenciar diretamente a prática clínica. A determinação genética das respostas alérgicas a estímulos ambientais e o papel da farmacogenética no manejo da asma são consideradas questões de pesquisa de suma importância. O mapeamento de traços complexos, como a asma, é uma das áreas de pesquisa mais importantes na genética humana. O grande estudo populacional de mais de 13.000 pares de gêmeos finlandeses adultos. O diagnóstico de asma foi realizado por meio da ligação entre os registros dos gêmeos e os bancos de dados de baixas hospitalares e utilização de medicamentos. Os dados foram coletados do escritório central de epidemiologia. Um total de 4.307 pares de gêmeos MZ e 9.581 pares DZ entre 18 e 70 anos foram incluídos. A estimativa de heritabilidade foi de 0,68 para mulheres e 0,48 para homens (entre 28 e 59 anos). Uma forte diferença de heritabilidade entre os sexos foi encontrada neste estudo. Também foi encontrada uma forte diferença de heritabilidade entre as faixas etárias, com a heritabilidade inversamente proporcional à idade, o que está de acordo com evidências clínicas e epidemiológicas.
Todos esses estudos de gêmeos demonstram a importância da genética sobre a variância da asma, com resultados de heritabilidade que variam entre 48% e 79%. Um achado importante é que a maioria dos estudos de gêmeos em diferentes partes do mundo (especialmente no Norte da Europa) demonstram resultados semelhantes e consistentes, e destacam o fato da asma (especialmente em sua variedade infantil) ter um forte fundo genético.
O Genetic Association Database (GAD, ou Banco de Dados de Associação Genética) é um repositório de estudos de associação da genética humana de doenças complexas organizado pelo National Institutes of Health. O objetivo deste banco de dados é permitir que os pesquisadores identifiquem rapidamente polimorfismos clinicamente relevantes a partir de um grande volume de variações genéticas no contexto de uma nomenclatura padronizada para genes e polimorfismos (números rs). O banco de dados inclui artigos científicos publicados seletos. Os dados de estudos são registrados com a nomenclatura oficial usada para o genoma humano. Se um estudo investiga mais de um gene para um distúrbio específico, há mais de um registro. Os registros enviados pelos pesquisadores são revisados antes de serem incluídos no GAD.
Selecionamos oito genes associados à asma em mais de cinco estudos populacionais de associação genética, usando o GAD, para a presente revisão. Os genes estão localizadas nas cinco regiões do genoma mencionadas acima.
Com a conclusão do Projeto Genoma Humano em 2003 e do International HapMap Project em 2005, os pesquisadores agora têm à sua disposição um conjunto de ferramentas de pesquisa avançadas que facilitam a identificação da contribuição genética a doenças comuns. Estas ferramentas incluem bancos de dados computadorizados que contêm a seqüência genômica humana de referência e um mapa da variação genética humana. Um estudo genômico de associação (GWA, ou genome–wide association study) é uma abordagem que envolve a análise de marcadores através de conjuntos completos de polimorfismos humanos.
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